quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Baladeira de Plantão

Cabelos sujos, jogados, despojados de qualquer vaidade

O rosto molhado, suado, livre de qualquer toalhinha seca

A camiseta, amassada e sem estampa.

A calça, preta desbotada, manchada, quase branca de tão imunda

O tênis, até que está apresentável cadarço trocado, por um branco perola

Passa um carro, preto, recém lavado

Uma janela abre, uma menina cheirosa e bem arrumada

Grita bem alto:

-AGHY, VAMOS PRA BALADA.

Eu como não estava preparada, pra um convite naquele estado, respondi:

-Só se for agora meu bem!

Gotinhas

Caiu mais uma gota, cai gotinha cai.


Caíram várias gotas, quantas gotinhas caem ali.

Eu olhei abismada, quantas gotinhas já bateram aqui.

Nessa rua, o asfalto, já afundado de tantos carros

Quantas gotas por ali, passaram

Será possível uma estimativa

Dê-me o cálculo, para acertar

O numero de vezes que uma gota de chuva

Cai no mesmo lugar.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Aquilo que precisa ser dito


Você há 2 anos foi meu presente de aniversário.
Foi o que de mais valioso eu ganhei de aniversário. Ganhei de um ser superior que acredito ser baseado em amor.
Eu te senti pertinho de mim, eu te abracei, eu te beijei e eu te amei.
Eu te amei desde o primeiro momento que a vi.
Eu amei o seu vestido, amei os seus olhos, e seu cabelo de japonesa morta SAFKLJFSA.
Eu amei a Brysa, eu amei a Ju, eu amei a Juliane, mas a que eu mais amei foi a minha Bibi.
 Exatamente, 2 anos atrás, éramos jovens e cheias de esperança. Tudo poderia dar certo, mesmo se fosse pra dar errado.
Lembro daquela quinta feira, onde eu dormi no metro, voltando pra casa, e pensei, valeu a pena chegar tarde em casa.
Valeu a pena, ficar de castigo, acordar cedo com cara de sono, porque eu te vi.
 Eu achei que viraríamos amigas naquela segunda semana,onde falamos sobre o passado e pessoas que pertenceram á ele.
 Acreditei estar apaixonada, e estava mesmo. Numa festa onde você me deixou de lado, eu chorei depois de brincar de virar com os meninos na sala, abracei uma estranha, estava numa casa no São Judas... Eu também acreditei que não teríamos mais nada.
 Na sua casa, eu cochilei no sofá, eu pra um lado, e você para o outro, como crianças exaustas de tanto brincar deitam e dormem de qualquer jeito. Eu lembro que estava passando clipes no multishow, eu lembro que era um hip hop, e que do nada, você estava em cima de mim, me beijando com tanta ferocidade, senti o desejo mais forte que já tive em toda minha vida.
 Ficou tarde, e nos despedimos, com uma palavra que apesar de ser dita por uma, as duas ficaram com medo: Escolher.
Escolher entre eu e ela, eu disse “Voce tem que escolher o que vale a pena pra ti”, mas e se ela tivesse escolhido a outra?
Mas não, você me escolheu, naquele dia na praça do Whitaker, com uma garrafa de qualquer bebida barata, chocolate e tictac, eu perguntei gritando e na frente dos seus amigos,”você quer namorar comigo?”, aquele sim, seguido de um beijo.
 Eu contei pra todos os meus amigos, os quais não levaram a sério, afinal eu namorava com uma menina diferente todo mês, mas você foi diferente, pra você eu telefonei, eu pedi, eu chorei, eu esperei, eu conquistei, eu achei pelo menos que havia conquistado.
 Aos dois meses de namoro, exatos, fomos ao Starbucks, onde você pediu um Frappuccino de Chocolate grande, e no dia seguinte, após muitas brigas eu pedi um tempo, mas não por mim, por você. Estava tão confusa e perdida quanto você, mas meu coração só tinha uma dona, e não duas.
 Eu chorei, sofri, e sai com meus amigos, um dia após o outro, eu sai. Eu bebi, eu chorei, eu dancei, me exclui de mim e de qualquer chance pra pensar, pra me divertir. E você, beijou a sua ex, no Clube Glória.
 Aquela magoa , dor e sensação ruim de que o mundo desmorona sobre a sua cabeça. Como poderia continuar assim? Ah mas a gente tenta calar o sofrimento com amor, que eu já tinha grande e brilhante aqui dentro por você.
 Mas eu sabia que ele estava aqui dentro, remoendo e crescendo, um assunto mal resolvido e pendente, ele queria respostas, ele queria gritar, queria me fazer gritar, chutar tudo que tivesse pela frente, e assim eu comecei com essa mania horrível de chutar cadeiras, quando saímos e encontramos seus amigos. E você se atrasou.
 Eu nunca achei que surtaria por um atraso, mas eu surtei. Surtei por um atraso, por uma palavra mais alta, por não conseguir acordar, por uma noite ruim, por uma noite boa, por qualquer coisa. Aquela magoa guardada, me deixava cada dia mais mal, e você também. E não é atoa que você precisou de outras pessoas. Não naquele momento, onde você me tinha dizendo que queria o seu melhor, mas eu estava agindo com uma certo amor doente, onde você era minha, deveria ficar trancada, e não falar com mais ninguém, nem pensar em mais nada que não fosse eu.
 Passamos por tantas coisas, e eu disse tantas coisas e você fez tantas coisas, nosso namoro, que virou uma guerra, onde quem saísse mais magoada no fim do dia era a perdedora, e cá entre nós, nenhuma de nós sabia perder.
 E todo dia era a mesma história, e eram términos de algumas horas, até alguém voltar atrás.
 Ou até o dia em que a primeira vez que uma mão se levantou, ou a segunda vez que isso aconteceu, e quando nossas brigas não se resumiam em palavras, mas também em coisas quebradas, cabeçadas, murros, chutes, choros, desculpas, implorando perdão, dizer que nunca mais se repetiria.
 E eu, sempre cumpri minha palavra. Mas seu medo de mim, fazia com que agisse como maluca as vezes, janelas quebradas, gritos, ir pro meio da favela tarde da noite, beber sozinha, conhecer meninas... =/
 Era o nosso namoro guerra. Onde só nos machucamos, achando que o amor sempre seria o bastante pra nos manter unidas.
 Só sei, que de repente, éramos só nós duas no mundo. Numa certa copa do mundo, muita tequila, karaoke, eu disse eu quero voltar, e nós fizemos sexo, e não amor.
 Eu lembro de você me pedir desculpas, e eu também pedir. Mas como nossa guerra não acabava nunca, não bastava.
 Eu fui viajar um pouco depois, e você também, separadas alguns dias, á muitos quilômetros uma da outra.
 Longe de você, me purifiquei, sua falta quase me matou, queria dividir aquela paisagem, aquele lugar contigo, queria você ali, queria estar com você, sem brigas. E voltei levantando a bandeira branca da paz.
 Mas você não, ahh não, na sua viagem a guerra continuou, e você acumulou tantos pontos que não há como negar, eu fui a perdedora.
 E você me disse, estamos infelizes, vamos terminar. Eu chorei  e implorei, e você disse “Não, acabou mesmo”
 Voltei pra casa, caindo, mais tonta do que se estivesse bêbada,
 É tão estranho ter consciência que nunca mais sentirei o cheiro daquele seu creme impregnado em mim. Saber que nunca mais sentirei teu gosto, aquele gostinho de pasta de dente. E ainda por cima, quando eu for ao banheiro, não ter de tampar a pasta que você deixou aberta mais uma vez.
 E saber que nada que eu tenha feito foi o suficiente. Que as noites mal dormidas, as festas clandestinas,  o abajur pegando fogo, a sua cama quebrando, a janela quebrando, dentro do guarda roupa, no sofá, na livraria, descendo a Augusta, subindo a Augusta, nos curtindo na Paulista, nos odiando na Paulista.
 Que nada que eu tenha feito, foi tão bom quanto elas. E saber hoje, que eu te amo, e que você me ama, mas com toda essa nossa carga, todo esse desgaste, eu não tenho condições de voltar pra você, apesar de tudo que sinto, te amar como mulher, como amiga, como minha família, meu lar, minha esperança, sempre ter te visto como futuro. Saber que hoje, não tenho condições, que um dia eu voltei despreparada e te magoei, e você me magoou.
Que todas as vezes eu que terminei, chorei e voltei. Pelos meus erros, por meus ataques de fúria, pela minha egocentricidade... eu to aqui ainda, chorando as nossas mágoas; Chorando por mim e por você. E infelizmente, eu preciso chorar muito mais.
Eu te amo, e vou te amar pra sempre.