quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sveglio da Sola



O céu cinza na noite empoeirada,
Sexta-Feira, descalça com pés na areia.
Horário de verão nos da à certeza,
Amanhã o dia começa antes
A luz do corredor acesa,
O ultimo suspiro de sono,
Sua respiração leve no travesseiro.
Sua casa viva pela minha alma errante;
Balanço o corpo gelado sentada num canto da cozinha,
Leio um livro, canto baixo,
Componho toda uma sinfonia
Acompanhada por esse pingo teimoso,
O pingo no cano de alumínio cantante.
Uma janela longe com dois corpos;
Um corpo coberto de ouro;
As vozes afastadas atrás de uma porta entreaberta;
O ultimo cigarro da noite,
Sono vem me levar pro mundo dos sonhos
Arranca-me da realidade e da eletricidade que emana da carne.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011


As grandes empresas te contratam, olham o seu currículo e conteúdo, te vêem pessoalmente e já pensam:
Você vai mudar por mim
Vai deixar de existir por mim
Vai perder sua personalidade por mim
Vai trabalhar por mim
Vai querer lutar por mim
Vai fazer o que eu não quero pra mim
Vai ganhar dinheiro pra mim
Você não vai mais ser você
Vai ser só mais um fantoche meu!
Só mais um qualquer, mas meu!

domingo, 2 de outubro de 2011

Fadiga


 Um cansaço do mundo que parece sobrenatural, fadiga da voz da minha mãe chamando meu nome, do meu pai falando com alguém no celular, meu irmão resmungando, dos carros passando, dos homens andando, das mulheres cantando, do ônibus cheio, do metrô lento, da risada das crianças na praça, da música alta na balada, do cheiro e gosto da cerveja, do refrigerante que não refresca, do cheiro de sexo na roupa suja.
Canseira na caminha até a padaria, até a academia, até o mercado, das risadas e o falso ‘tudo bem’ que sempre falo, da ignorância, da alienação, do cheiro de livro velho e ruim, do cheiro de livro bom e novo. Das músicas sem melodias, das melodias sem letras, dos artistas sem alma, desventura acabada com o mocinho e a mocinha que ficam juntos, do final conhecido e repetido, do romance clichê e mesmo assim admirado.
 Cansei do convencional, cansei da habitualidade, do corriqueiro, cansei de mim, cansei dos outros, cansei do computador, cansei do celular, cansei das redes sociais, cansei dos jogos, dos livros digitais, construção de memórias virtuais em HD que por mais que se assemelhem em nada me parecem com a vida real, com as cores concretas, com os cheiros legítimos.